"Come
só um pedacinho! Olha, se você comer o arroz, a mamãe lhe dá um chocolate! Se
não comer tudo, não vai brincar!" Quantos pais já não usaram ao menos uma
destas frases na tentativa de verem seus filhos se alimentarem? Se você é um
deles, saiba o que dizem os especialistas sobre o tema:
Insistir
ou até obrigar os filhos a comerem não é o correto. Claro que a preocupação é
compreensível, afinal uma boa alimentação resulta numa criança saudável, mas
não é por pular uma refeição ou outra que os filhos ficarão desnutridos ou
terão o desenvolvimento comprometido. A nutricionista Melissa Saikawa Bonesi
Imamura destaca que há duas classificações para a falta de apetite infantil: a
orgânica e a comportamental. A
orgânica ocorre porque a criança tem alguma doença infecciosa ou está com
carência de nutrientes, como vitaminas e minerais. Num e noutro caso, os
sintomas dessa criança normalmente são apatia, palidez, fraqueza, sonolência,
pele seca, cabelos finos e quebradiços, rachaduras nos cantos da boca e
sangramento nas gengivas. A solução é levá-la ao pediatra e a um nutricionista
para que, com o acompanhamento profissional conjunto, o problema seja
solucionado.
A falta
de apetite comportamental, esclarece a especialista, tem origem na dinâmica
familiar e pode originar um ciclo vicioso, difícil de ser corrigido: a criança
deixa de comer simplesmente porque quer chamar a atenção e acaba ganhando algum
alimento de fácil aceitação, como uma bolacha recheada, mesmo estando no
horário de uma refeição principal, como o almoço ou o jantar. Ao perceber que
essa tática dá certo, a criança repete a atitude constantemente.
Pai e mãe
devem ter em mente o seguinte: quando a fome apertar, a criança vai comer. Mas,
nada de alarmes, não é preciso deixá-la com fome. Há caminhos bem mais suaves
para persuadi-la a alimentar-se. O
primeiro passo é verificar se realmente não há nenhum problema de saúde, ou
seja, se a falta de apetite não é de origem orgânica, incluindo o início da
dentição, o que também resulta no desinteresse pelos alimentos. Não havendo
nenhum problema do gênero, papai e mamãe devem adotar alguns procedimentos:
• Nunca
ofereça muita comida à criança - ela tem o estômago pequeno;
• Varie
os alimentos. A mesma comida, todos os dias, não desperta o interesse.
Incremente o prato com algum alimento de cor diferente daquele que você
ofereceu anteriormente, por exemplo;
• Evite
que a criança fique "beliscando" entre uma refeição e outra;
•
Mantenha verduras e legumes em todas as refeições. Mesmo que a criança não
aceite, não a obrigue a comer, assim ela ficará com raiva do ingrediente. Deixe
lá, a constante presença desses alimentos despertará a curiosidade da
criança;
• Em
contrapartida, não ofereça sopas batidas no liquidificador para que a criança
ingira verduras e legumes. Essa tática dificulta o estímulo do paladar, por não
permitir que a criança reconheça os diferentes sabores;
•
Respeite os gostos de seu filho, pode ser que ele realmente não goste de
determinada comida e, mesmo nos primeiros anos de vida, a criança já tem
preferências e aversões alimentares. Às vezes, por não gostar de um ou de outro
ingrediente, ela rejeita toda a refeição;
• O
ambiente onde as refeições são realizadas deve ser tranqüilo. Desligue a TV,
abaixe o volume do rádio e evite discussões;
• A
criança com mais de um ano e que ainda toma muitas mamadeiras ao dia pode ter
dificuldades em aceitar os alimentos sólidos, neste caso é melhor diminuir as
mamadas;
• A
criança não gostou da comida. Por zelo, muitas mães preparam a refeição dos
filhos separadamente, usando poucos temperos. O problema é que às vezes a
comida fica sem gosto algum. Experimente os alimentos antes de oferecê-lo aos
menores;
• Não dê
sucos e refrigerantes durante a refeição, porque a capacidade gástrica da
criança ainda é limitada. Se ela tomar um desses líquidos pode não ter espaço
para a comida;
• Não
force seu filho a comer. Se ele ficar com fome, vai alimentar-se na próxima
refeição;
• Não
ofereça comida fora de hora. A criança que passa o dia inteiro comendo dispensa
as refeições principais pelo simples fato de não estar com fome;
• Deixe a
criança comer com as mãos. Ela se diverte manipulando a comida e vê nesse
momento uma ocasião prazerosa, agradável;
• Nunca
prometa uma recompensa, como por exemplo, "coma o arroz que eu lhe dou um
sorvete". Assim você fará com que seu filho tenha desprezo pela comida;
• Não
faça a brincadeira do aviãozinho. A hora é de comer, não de mimar a criança;
• Não
adianta pedir para seu filho comer cenoura se você está comendo um sanduíche,
ele naturalmente irá querer comer o lanche, pois se você despreza a cenoura, é
porque o outro alimento deve ser mais gostoso;
• Por
fim, seja firme com a criança, sem ser rígida, afinal o momento de se alimentar
deve ser prazeroso e não angustiante.
Não
esqueça que uma alimentação excessiva pode resultar num adolescente obeso, que
futuramente irá procurar um endocrinologista para emagrecer. Considere também
que a necessidade energética da criança vai diminuindo com o passar dos anos.
Uma criança com três anos de idade, por exemplo, precisa de mais calorias do
que uma com sete, o que torna normal a redução do apetite.
Há mães
que, de tão preocupadas, oferecem suplementos nutricionais sem orientação. Sem
querer elas podem estar contribuindo para a formação de um adulto obeso, pois a
energia extra que a criança recebe passa a se acumular em seu tecido gorduroso.
O detalhe
importante é que o número de células gordurosas de uma pessoa é definido até os
dois anos de idade e, existindo um número muito grande de células adiposas no
organismo adulto, essa pessoa terá mais dificuldade em controlar seu peso, ao
contrário daquela que, na infância, recebeu uma dieta balanceada e produziu um
número normal de células gordurosas.
Por: Márcia Britto
/ Site Alô bebê
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